Não se ouvem aves; nem o choro duma nora! / Tomam por outra parte os viandantes; / E o ferro e a pedra - que união sonora! - / Retinem alto pelo espaço fora, / Com choques rijos, ásperos, cantantes. «Cristalizações», Cesário Verde
quarta-feira, 29 de março de 2017
domingo, 19 de março de 2017
«Cais do Sodré»
- foi um dos «destaques» de ontem..., na Casa do Público, artigo com vídeo «panorâmico» - AQUI
sexta-feira, 17 de março de 2017
Santa Justa (Elevador) - Ana Marques Gastão
[o livro é de Setembro de 2015; foi um dos que a General Z., há tempos, «determinada», «despejou», da (mesa) da Sala, para o Pavimento do ESC...; só agora foi «relocalizado»...
ELEVADOR
O de Santa Justa tem unhas e olhos de
púrpura, não se rende aos pecados dos
homens e, como um monstro, lança os
braços pelas janelas e deixa-se cair pela
escadaria que dá para o Ouro e a Prata.
Cintilam degraus sem glória, graças aos
cabelos de motor na cidade submersa.
Ninguém suporta a estreiteza do espaço
ouvem-se bramidos por dentro do metal,
o amor gira em controvérsia sabendo que
tudo nele se fundou e logo se desfaz. Algo
detém o homem e a mulher no seu He He
de altura da dor, da largura da falta, do pão
fresco ausente. Ela é perfume virtual. Ele,
já a partir, parece, um avião de asas-cruz.
Ana Marques Gastão, L de Lisboa, 2015, Assírio & Alvim, p. 46
domingo, 12 de março de 2017
«RUA DA ROSA: O POMBO» - F. A. P.
[J. foi à estante «Nobre», buscar A Musa Irregular, para (re)verificação de «As Balas»...; e estava este outro marcado com «p-it», de outra «ocasião»...; qual, não se lembra, nem porquê, claro ...]
RUA DA ROSA, LISBOA: O POMBO
Se o galo gala o pombo pomba? este pombava
ao sol das três da tarde lisboeta num passeio da Rua da Rosa
senhor de si não digo nem arrogante mas com alguns
direitos v. g. do apetite
pombava enquanto carros subiam em segunda aí está cauteloso
o peito inflado as penas do rabo num leque amorável sendo
nele tudo isto a «a procura de Deus derramado na urbe»
a vinte e dois anos e meio do fim do mundo
ó futurólogos que não me largais
preciso para o voyeur: pombava e dançava e nos intervalos
céleres da dança pombava ainda apesar de tudo obsequioso
com a fêmea não fosse ela sôbolos pneus que rodam
rua acima ficar-se como a amiga de Ignacio Morel (in Ramón J. Sender)
igual a mim quando pombo ia pombando este pois que se trata
de a buscar sempre mesmo repetida
de uma geração a outra aquilo que é soberbo o amor a novidade
direitos v. g. do apetite
pombava enquanto carros subiam em segunda aí está cauteloso
o peito inflado as penas do rabo num leque amorável sendo
nele tudo isto a «a procura de Deus derramado na urbe»
a vinte e dois anos e meio do fim do mundo
ó futurólogos que não me largais
preciso para o voyeur: pombava e dançava e nos intervalos
céleres da dança pombava ainda apesar de tudo obsequioso
com a fêmea não fosse ela sôbolos pneus que rodam
rua acima ficar-se como a amiga de Ignacio Morel (in Ramón J. Sender)
igual a mim quando pombo ia pombando este pois que se trata
de a buscar sempre mesmo repetida
de uma geração a outra aquilo que é soberbo o amor a novidade
Fernando Assis Pacheco, Memórias do Contencioso, 1980, transcrito da p. 117 de A Musa Irregular, 1991
sexta-feira, 3 de março de 2017
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