Fot.a de Filipa Fernandez, na p. 15 do «Público - rep.a daí |
Não se ouvem aves; nem o choro duma nora! / Tomam por outra parte os viandantes; / E o ferro e a pedra - que união sonora! - / Retinem alto pelo espaço fora, / Com choques rijos, ásperos, cantantes. «Cristalizações», Cesário Verde
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Cais do Sodré; Americano; Cardoso Pires
domingo, 13 de dezembro de 2020
«Lisboa Literária», de Tabucchi e..., por Tolentino Mendonça
Recortes:
QUE HORAS SÃO AÍ?
Lisboa continua a ser uma cidade literária. Isto é, uma cidade que não coincide necessariamente com a sua geografia visível. Uma cidade que é maior do que aquela que a cartografia designa. O trabalho de um escritor não é só uma operação de desmontagem do tempo: ele faz o mesmo em relação ao espaço. Em parte a cidade, tal qual historicamente se apresenta, pode ser reconhecível no que escrevem. Há a Lisboa de Cesário Verde e de Pessoa, de Saramago, Cesariny, Lobo Antunes ou [...]
Sei que muitos italianos vêm a Lisboa trazendo na bagagem o romance “Afirma Pereira”, de Antonio Tabucchi. E que vão tomar café ao Orquídea seguindo os passos do protagonista ou se metem no 28 para verem como Lisboa é lentamente metafísica e cansada ou são mais benévolos a julgar a ventania do entardecer do que alguma vez os locais o serão. [...]
A este propósito, Lisboa tem uma grande dívida para com Tabucchi, [...] Num conto inédito, que acaba de ser editado em Itália, e que se intitula “Que Horas São Aí?”, é essa exatamente a intriga. Lojas que deixaram de existir e foram substituídas por outras, lacunas, distâncias e dobras que o tempo acentua, enigmas deixados em herança, ruas e sofrimentos que os mapas não assinalam. Face a isso, a tarefa da literatura é dupla: por um lado, tornar consciente em nós o impacto avassalador da vida, mas, por outro, tentar uma espécie de reparação. Que Tabucchi explica assim: a história é uma criatura glacial, não tem piedade de nada nem de ninguém. Mas a literatura existe para dar uma hipótese à piedade e para que a versão dos vencidos possa ser escutada.
«Expresso», n.º 2511, «E» – [Revista], 11 - 12 - 2020, p. 90
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
«Lisboa da Pandemia», por Pedro de Tróia
- em página do «Ípsilon», com «videoclip» de Gonçalo Guerra, para o «single» «Salvadora»