[alguns destes versos citados, desta vez, em mais um álbum de Eduardo Gajeiro, sobre Lisboa, recentemente editado e que T. folheou ontem, na FNC - «não há verba, não há»]
[com cortes; ver, «quase completo», por exemplo, no «MULTIPESSOA»
Acordar
da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,
Acordar
da rua do Ouro
Acordar
do Rossio, às portas dos cafés,
Acordar
E no
meio de tudo a gare, a gare que nunca dorme,
Como
um coração que tem que pulsar através da vigília e do sono.
Toda
a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não
há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo
[...] (...)
Um
alívio de viver de que o nosso corpo partilha,
Um
entusiasmo por o dia que vai vir, uma alegria por o que pode
acontecer de bom,
São
os sentimentos que nascem de estar olhando para a madrugada,
[...] (...)
A
mulher que chora baixinho
Entre
o ruído da multidão em vivas...
O
vendedor de ruas, que tem um pregão esquisito,
Cheio
de individualidade para quem repara...
O
arcanjo isolado, escultura numa catedral,
Siringe
fugindo aos braços estendidos de Pã,
Tudo
isto tende para o mesmo centro,
Busca
encontrar-se e fundir-se
Na
minha alma.
Eu
adoro todas as coisas
E o
meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho
pela vida um interesse ávido
Que
busca compreendê-la sentindo-a muito.
[...]
[não datado]
[não datado]
Transcrito das páginas 97 e 98 da edição da poesia de Campos organizada por Teresa Rita Lopes para a Assírio & Alvim, 2002
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