NOCTURNO DE LISBOA
Pela noite adiante, com a
morte na algibeira,
cada homem procura um rio
para dormir,
e com os pés na lua ou num
grão de areia
enrola-se no sono que lhe
quer fugir.
Cada sonho morre às mãos
doutro sonho.
Dez reis de amor foram gastos
a esperar.
O céu que nos promete um anjo
bêbado
é um colchão sujo num quinto andar.
Eugénio de Andrade (1923-2005), de Os amantes sem dinheiro (1950)
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