- as recentes «operações sanitárias» em pensões que agora têm o nome global de «Hostel» estarão «na base» desta crónica de Tolentino Mendonça - AQUI, pelo menos para os dois parágrafos iniciais;
Recorta-se o 3.º parágrafo, com acrescento de sublinhados:
Recorta-se o 3.º parágrafo, com acrescento de sublinhados:
[...] Parece
que este finisterra é apenas um compasso de espera feito de vidas precárias, de
pensões baratas e sobrelotadas, de população flutuante, de comércio
desembaraçado, em grande parte anónimo e informal. E nem é difícil dar-se conta
daquilo que paira no ar: uma espécie de expatriamento que é mais fundo do que
ter simplesmente deixado uma pátria; uma condição dialetal, que é nunca mais
voltar a falar com segurança, e por inteiro, uma língua: só um estranho meio
dialeto, só umas quantas palavras; ou uma inexorável solidão humana que se
espalha, tornada o cheiro de toda a pele. Contudo, é um erro pensar que esta
Morais Soares é um sítio sem história. Pelo contrário: como poucos, ele
devolve-nos com brutalidade à história; somos aqui atirados para o coração
convulso da nossa época; e podemos lê-la não na ideologia, não nas
idealizações, mas na carnalidade da vida. [...]
José
Tolentino Mendonça, «Rua Morais Soares», «Expresso», 01 - 05 - 2020, Revista “E”, p. 90
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.