- para D., «nativo» de dali perto, foi sempre uma Rua de «passagem» entre Chiado-Camões-Chagas-Bica e também a do «cinema Ideal» (15-17);
- Entrevista-Reportagem sobre os despejos versus «turistificação», a propósito do «regresso» de Exposição da Fotógrafa Luísa Ferreira
RECORTE(s):
Luísa Ferreira: “Foi como se tivesse ido levar os meus pais ao monte”
[...] Imagino que tenha sido um período muito difícil...
Curiosamente, os meus pais não se exprimiam muito. As outras pessoas do prédio andavam muito nervosas. Os meus pais também andariam nervosos e tristes, mas não expressavam muito isso. Fotografei o meu pai da última vez que foi ao cabeleireiro, à Barbearia Campos [entretanto, encerrada], ali ao lado da Benetton [no Chiado]. Fotografei a última vez que estiveram os dois sentados no [Largo de] Camões. Algumas coisas assim. Era o tipo de imagens que fazia sem a intenção de mostrar.
[...]No texto da exposição, fala de uma cidade sem rosto. Consegue identificar o que é que está a acabar e o que é que está a começar na cidade?A maior parte do que está a começar são coisas que nem me apetece entrar lá. Quando falo em cidade sem rosto, quero referir-me a outra coisa: passo pelas pessoas na rua e já não reconheço ninguém. Já quase não há espaços onde se entra e se reconhece alguém. Com os turistas não há relação, estão de passagem. Portanto, não há afectividade, não há memória, não se estabelece uma ligação.Há muitas lojas a abrir e a fechar rapidamente. E na Baixa é só lojas de pastéis de nata, uma invasão do pastel de nata, abrem uns em cima dos outros.. [...]
- Crónica de M. E. C., de 24 -03: «Nativos, precisa-se» [...]
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