quarta-feira, 8 de maio de 2024

Rua do Arsenal (Ana Paula Jardim)

 - ontem, CONS. na LUZ + livro de 38 poemas, tendo Lisboa «e Tejo e tudo» como um dos Motivos centrais; nele, de novo regressa Cesário, por outras mãos, que buscam outras «Visões de Artista»...;
- de um dos dois poemas menos curtos (o outro é «Cais do Ginjal»), a II Estrofe (de VI):

RUA DO ARSENAL
[...]
II
O barulho dos teus passos confunde-se com uma manifestação súbita
De figurantes
Que desfilam pela estrada
Carruagens com um rei morto e deposto
Pela Carbonária
Uma rainha alta, e esguia e andrógina
Com uma espada de flores na mão
Afiada como espinhos
E que maneja como uma Amazona
A pele de uma raposa ao pescoço
Morta
Ruge e esbraceja como louca
Ficas parada no meio do alcatrão
Rodeada por revolucionários de espada na mão
E cravos no cano
Em tanques de guerra cobertos de pombas brancas
Enquanto no cimento do edifício em frente
Ocre, escuro e oxidado
As luzes do entardecer pincelam vultos
Tristes, desfigurados
Engolidos pelo tempo
[...]

Ana Paula Jardim, rua do arsenal, p.30 (29-33) 

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