Não se ouvem aves; nem o choro duma nora! / Tomam por outra parte os viandantes; / E o ferro e a pedra - que união sonora! - / Retinem alto pelo espaço fora, / Com choques rijos, ásperos, cantantes. «Cristalizações», Cesário Verde
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
domingo, 18 de novembro de 2012
Avenida da Liberdade - (Hotel) Vi(c)tória
O arquitecto Cassiano Branco desenhou uma fachada inusitada, num edifício que, desde a sua construção nos anos 1930, sempre se destacou no meio de uma Avenida da Liberdade mais clássica.
Ilustração de Eduardo Salavisa para a Crónica «Nazis e Comunistas na Avenida», de Alexandra Prado Coelho, na «Revista 2» do Público, 18-11-2012
Recorte:
O Victória tinha "instalações modelares de rara comodidade, com todo o conforto", às quais se somava, a acreditar num anúncio da época, um "grande terraço com emocionante vista dominando toda a cidade". [...] Ao que parece, o conforto do Victória convenceu os espiões alemães, que, durante a II Guerra Mundial, andavam atarefadíssimos por Lisboa, e, nos intervalos, gostavam de descansar nos quartos, no bar e no restaurante. Conta ainda o Restos de Colecção [blogue que «informa» a Crónica] que dos hotéis pró-Eixo, em que se incluíam o Avenida Palace e o Tivoli, era o Victória o considerado mais perigoso pelos americanos.
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sexta-feira, 16 de novembro de 2012
sábado, 10 de novembro de 2012
Terreiro do Paço - Reconstruído
Vídeo do projeto internacional que recria a Lisboas de antes de 1755 -
"Cidade e Espectáculo: uma visão da Lisboa Pré-Terramoto" - desenvolvido por uma equipa coordenada pelos historiadores Alexandra Gago da Câmara, Helena Murteira e Paulo Rodrigues, investigadores do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora, que conta com a parceria da empresa Beta Technologies. [transcrito do artigo do Expresso] Vídeo reproduzido no Expresso
"Cidade e Espectáculo: uma visão da Lisboa Pré-Terramoto" - desenvolvido por uma equipa coordenada pelos historiadores Alexandra Gago da Câmara, Helena Murteira e Paulo Rodrigues, investigadores do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora, que conta com a parceria da empresa Beta Technologies. [transcrito do artigo do Expresso] Vídeo reproduzido no Expresso
[Abrir na página do Projecto e ver também, entre outros Doc., a «Modelação» da «Real Ópera do Tejo»]
terça-feira, 30 de outubro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Rua de S. Paulo
O poema de Alegre, já nesta Casa Colocado, regressa, hoje, agora em mais um vídeo da série «Lugares Bem Lidos» - «Os cheiros e os sons do Oriente em Lisboa», no endereço eletrónico do Diário de Notícias: AQUI
sábado, 6 de outubro de 2012
Lisboa, de Campos, por Júdice
Lisboa com suas casas de
várias cores,
Lisboa com suas cores de várias casas,
Lisboa de tantas cores, Lisboa de tantas casas.
Lisboa que acorda do Rocio ao castelo,
Mais tarde ou mais cedo, ao acordar dos cafés,
Mais cedo ou mais tarde, ao acordar nos bares,
Lisboa de tabernas que já
fecharam,
Lisboa bêbeda em alfamas de
outrora,Lisboa de carne e de pedra.
Nuno Júdice
AA.VV., Histórias do Castelo, Edição EGEAC-Castelo de S. Jorge, 2010
Lisboa com suas casas / De várias cores - Campos
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores ...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.
Se, de noite, deitado mas desperto
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.
Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.
Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.
11-05-1934
Álvaro de Campos
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores ...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.
Se, de noite, deitado mas desperto
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.
Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.
Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.
11-05-1934
Álvaro de Campos
Acordar, Lisboa - Campos
[alguns destes versos citados, desta vez, em mais um álbum de Eduardo Gajeiro, sobre Lisboa, recentemente editado e que T. folheou ontem, na FNC - «não há verba, não há»]
[com cortes; ver, «quase completo», por exemplo, no «MULTIPESSOA»
Acordar
da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,
Acordar
da rua do Ouro
Acordar
do Rossio, às portas dos cafés,
Acordar
E no
meio de tudo a gare, a gare que nunca dorme,
Como
um coração que tem que pulsar através da vigília e do sono.
Toda
a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não
há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo
[...] (...)
Um
alívio de viver de que o nosso corpo partilha,
Um
entusiasmo por o dia que vai vir, uma alegria por o que pode
acontecer de bom,
São
os sentimentos que nascem de estar olhando para a madrugada,
[...] (...)
A
mulher que chora baixinho
Entre
o ruído da multidão em vivas...
O
vendedor de ruas, que tem um pregão esquisito,
Cheio
de individualidade para quem repara...
O
arcanjo isolado, escultura numa catedral,
Siringe
fugindo aos braços estendidos de Pã,
Tudo
isto tende para o mesmo centro,
Busca
encontrar-se e fundir-se
Na
minha alma.
Eu
adoro todas as coisas
E o
meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho
pela vida um interesse ávido
Que
busca compreendê-la sentindo-a muito.
[...]
[não datado]
[não datado]
Transcrito das páginas 97 e 98 da edição da poesia de Campos organizada por Teresa Rita Lopes para a Assírio & Alvim, 2002
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Lisboa - «City Box»
T. subscreve tal mapa - Santa Catarina (até aos 17, 18); Santa Justa (entre os 20 e os 25, 26); Senhora do Monte (dos 41 «para cá...») - well - de Catarina Sobral, Ilustradora, «O mundo das texturas literárias», de C. S. - «captado» no P3 - AQUI |
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Lisboa de Cesário e de Sophia
CESÁRIO VERDE
Quis dizer o mais claro e o mais corrente
Em fala chã e em lúcida esquadria
Ser e dizer na justa luz do dia
Falar claro falar limpo falar rente
Cães se miram no vidro de retina
E ele vai naufragando como um barco
Mas bebeu a cidade a longos tragos
Deambulou por praças por esquinas
Fugiu da peste e da melancolia
Livre se quis e não servo dos fadosDiurno se quis ─ porém a luzidia
Noite assombrou os olhos dilatados
Ele o viu com seus olhos de navio
Atentos à surpresa das imagens
domingo, 16 de setembro de 2012
Lisboa de Cesário e de Eugénio
[abre amanhã mais Uma Estação;- o Agricultor estará no seu Campo;
- nunca foi Fácil; muito menos em tempos de «descartáveis»]
[e há o reencontro com os textos de outras, anteriores Estações]
EM LISBOA COM CESÁRIO VERDE
ó minha infância, meu jardim fechado,
ó meu poeta, talvez fosse contigo
que aprendi a pesar sílaba a sílaba
cada palavra, essas que tu levaste
quase sempre, como poucos mais,
à suprema perfeição da língua.
1986
Eugénio de Andrade, Homenagens e outros epitáfios [1.ª ed: 1974]
Transcrito das páginas 249-50 da Poesia, 2000
- nunca foi Fácil; muito menos em tempos de «descartáveis»]
[e há o reencontro com os textos de outras, anteriores Estações]
EM LISBOA COM CESÁRIO VERDE
Nesta cidade, onde agora me sinto
mais estrangeiro do que um gato persa;
nesta Lisboa, onde mansos e lisos
os dias passam a ver as gaivotas,
e a cor dos jacarandás floridos
se mistura à do Tejo, em flor também;
só o Cesário vem ao meu encontro,
me faz companhia, quando de rua
em rua procuro um rumor distante
de passos ou aves, nem eu sei já bem.
Só ele ajusta a luz feliz dos seus
versos aos olhos ardidos que são
os meus agora; só ele traz a sombra
de um verão muito antigo, com corvetas
lentas ainda no rio, e a música,
sumo do sol a escorrer da boca,mais estrangeiro do que um gato persa;
nesta Lisboa, onde mansos e lisos
os dias passam a ver as gaivotas,
e a cor dos jacarandás floridos
se mistura à do Tejo, em flor também;
só o Cesário vem ao meu encontro,
me faz companhia, quando de rua
em rua procuro um rumor distante
de passos ou aves, nem eu sei já bem.
Só ele ajusta a luz feliz dos seus
versos aos olhos ardidos que são
os meus agora; só ele traz a sombra
de um verão muito antigo, com corvetas
lentas ainda no rio, e a música,
ó minha infância, meu jardim fechado,
ó meu poeta, talvez fosse contigo
que aprendi a pesar sílaba a sílaba
cada palavra, essas que tu levaste
quase sempre, como poucos mais,
à suprema perfeição da língua.
1986
Eugénio de Andrade, Homenagens e outros epitáfios [1.ª ed: 1974]
Transcrito das páginas 249-50 da Poesia, 2000
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Lisboa remota
[Transplantado do «Alpabiblio»]
III
III
As suas mais remotas imagens
de Lisboa: casas cor-de-rosa, afogueadas pelo Sol;
varandas confusas; nítidos degraus;
luzes de eléctricos, ao crepúsculo,
a fazerem dançar a névoa
sobre carris humedecidos.
David Mourão-Ferreira, Auto-retrato - primeiros traços
(transcrito de Jogo de espelhos, 2.ª ed, 2001
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Rua do Carmo
- Nativo de S. Paulo, G. circulava pelas ruas dos Territórios vizinhos;
- Lembra-se bem do «sr Praças», já bem idoso - Marceneiro cujo tranquilo labor o Menino G. observava, na Oficina de porta aberta - atulhada de móveis, de pó... da Calçada Salvador Correia de Sá [onde, no 13, D. nasceu...]
- o filho mais velho - A. C. - que «trabalha há 43 anos na Rua do Carmo» - agora na «Dona Elvira» aí estacionada, após o grande incêndio (que destruiu tb. a loja da - «Melodia»?) [...] em 25 - 08 - 88 - está cada vez mais parecido com a Imagem que G. conserva do pai «Praças» [é o primeiro que lê, no vídeo...]
- AQUI (o vídeo «já foi à vida» - estes Arquivos não são Eternos; pois é)
- AQUI (o vídeo «já foi à vida» - estes Arquivos não são Eternos; pois é)
domingo, 19 de agosto de 2012
S. Paulo - Conservatória
Joshua Benoliel, Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivo Fotográfico - Público, 19-08-2012, p. 32 |
- À Casa da Moeda - aqui retratada no início do Século - G., ainda Menino na década de 60 - já a «frequentou» como Conservatória [do Registo]Automóvel
- grande era (ainda) o Analfabetismo e A. L. - tio por «afinidade» - que levava G. a passear pela «beira Tejo», ali tão perto, e lhe «dava lições de Vida» - vivia de «biscatear» o preenchimento dos Impressos, fazendo «escritório» na Baiuca do Pai Velho
- G. fazia o «Vaivém», atravessando a rua, primeiro, a meio da manhã, a «recolher» os pedidos, depois, a levar os almoços, recolher a loiça e receber [havia «gorjinhas», para comprar «bonecos da bola»]- enquanto esperava, «abria os olhos» - funcionários de baixos salários tinham carros e vivendas...
- Well- cedo se fez Analista
domingo, 29 de julho de 2012
Rua dos Lagares, Mouraria
[Zmab]
Protagonista: Fernando Baguinho, sapateiro, 78 anos.
[,..] Na
escola encantava-se com a Geografia e sobretudo com
a História de Portugal. Volta-se para trás e
de uma prateleira tira um pesado álbum que começa a
folhear. Todos os reis portugueses estão ali representados
no estilo inconfundível dos quadros do
senhor Baguinho: um desenho recortado de algum sítio,
uma moldura de cartolina desenhada por
ele e uma quadra a propósito. E a História de Portugal
assim resumida. [...]
«Esta Lisboa de outras eras»,
Crónica de Alexandra Prado Coelho, Ilustrações de Eduardo Salavisa.
Público, «2», 29 - 07 - 2012, p.
Protagonista: Fernando Baguinho, sapateiro, 78 anos.
Lembra-se
da mulher da fava-rica, de manhãzinha pelas ruas a apregoar. E tem dezenas de
quadros com todos os pregões de Lisboa, [...]
A Lisboa
que já desapareceu continua viva nas paredes
da loja de sapateiro do senhor Baguinho. Há
imagens do Arco do Marquês do Alegrete, destruído nos
anos 40 para dar lugar à actual Praça do
Martim Moniz, do Teatro Apolo, demolido no final dos anos 1950, do velho mercado da Praça da Figueira,
“praça de grande saudade, muito ao gosto popular”,
[...]
Nunca
se afastou muito dali. Viajou entre ruas da Mouraria,
da Rua João do Outeiro, “berço da minha saudade”,
[ ...] As
histórias sucedem-se e é como se as ruas lá fora
se enchessem de sons — os pregões da mulher da
fava-rica, Fernando Maurício a cantar o fado, Belarmino
a jogar boxe no clube, [...]
terça-feira, 24 de julho de 2012
Janelas
EDUCAÇÃO
SENTIMENTAL
Na janela mais alta de Lisboa,
és a ave chamada Todavia:
a que posta no céu não se desvia,
mas que perto do rio já não voa…
[…]
David Mourão-Ferreira, in Infinito Pessoal ou a arte de amar (1.ª ed: 1962),
da p. 173 da 2.ª ed. de Obra poética, 1948-1988
Na janela mais alta de Lisboa,
és a ave chamada Todavia:
a que posta no céu não se desvia,
mas que perto do rio já não voa…
[…]
David Mourão-Ferreira, in Infinito Pessoal ou a arte de amar (1.ª ed: 1962),
da p. 173 da 2.ª ed. de Obra poética, 1948-1988
terça-feira, 3 de julho de 2012
Glória (Calçada e Ascensor)
A)
[entre Outubro de 76 e Abril de 78, depois da meia-noite, o percurso:
[entre Abril de 87 e Dezembro de 89 - tarde e noite - a ouvir o CHIAR do ASC, do Bar do H. S. A. - poiso para fazer finalmente uma FAC - mas não num só ano, como certos I.]
Com a célebre canção (87!) dos Radio MACAU - mais uma vez, da série «Lugares bem lidos», do Diário de Notícias]
- «SUBIR», por AQUI
[entre Outubro de 76 e Abril de 78, depois da meia-noite, o percurso:
- Rodrigues Sampaio - Avenida da Liberdade (a ziguezaguear pelos «ofertantes» de Liamba e afins) - Calçada da Glória - A PÉ, claro - S. Roque, Rua do Mundo ou da Misericórdia - Camões, Loreto; Duarte Belo, S. Paulo]
B)[entre Abril de 87 e Dezembro de 89 - tarde e noite - a ouvir o CHIAR do ASC, do Bar do H. S. A. - poiso para fazer finalmente uma FAC - mas não num só ano, como certos I.]
Com a célebre canção (87!) dos Radio MACAU - mais uma vez, da série «Lugares bem lidos», do Diário de Notícias]
- «SUBIR», por AQUI
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Rua da Atalaia - Prado Coelho + Norberto de Araújo + Rui Ochoa
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Tejo - Estuário - Almada e Torga
Da série «Lugares bem Lidos» , do Diário de Notícias
(«o Rio que o País merecia»)
http://www.dn.pt/videos/programa.aspx?content_id=4236365&seccao=lugares%20bem%20lidos
(«o Rio que o País merecia»)
http://www.dn.pt/videos/programa.aspx?content_id=4236365&seccao=lugares%20bem%20lidos
Rua da Bica de Duarte Belo
- aproximadamente entre os 5-6 e os 9-10 - terá sido? - perguntar à C. (mais 6 anos) - R. morou «lá mais para baixo» -
- há Imagens, poucas -
- no n.º 13, 2.º ou 3.º andar, seja como for, com varanda para o Tejo-
onde o Menino, horas a fio, aprendia a «ser sozinho»
B. S. colocou a fotografia - sua, dela, em princípio -
e um «cinemático rascunho» que merece ser lido: MUSA
- há Imagens, poucas -
- no n.º 13, 2.º ou 3.º andar, seja como for, com varanda para o Tejo-
onde o Menino, horas a fio, aprendia a «ser sozinho»
B. S. colocou a fotografia - sua, dela, em princípio -
e um «cinemático rascunho» que merece ser lido: MUSA
sábado, 2 de junho de 2012
quarta-feira, 9 de maio de 2012
«Santa Justa» - José Luiz Tavares
Ascensores, Lisboa tem 3;
- para qual deles remeterá o poema, o soneto, de José Luiz Tavares, poeta cabo-verdiano?;
- G. arrisca que sabe*
12.
da solidão, prossigo no encalço duma esbelteza
nórdica, inda um aviso em forma de tabuleta
cidade em gangrena, pois já está salvo
quando a urbe inteira se estende assim em alvo.
- para qual deles remeterá o poema, o soneto, de José Luiz Tavares, poeta cabo-verdiano?;
- G. arrisca que sabe*
12.
Já não sobem varinas de ginga e canastra
neste elevador. Mas vai a gente em altiva
arribação, manso ronrom de roldana já gasta,
a astúcia das mãos mantém a atenção viva,
que sempre foi o desvelo pelo alheio sageza
que prescinde de anúncio. Confiável estafeta da solidão, prossigo no encalço duma esbelteza
nórdica, inda um aviso em forma de tabuleta
rezasse: “cuidado, a beleza mata.” Mas eu
durmo nos telhados da dor, com umacidade em gangrena, pois já está salvo
o que com a própria
língua sustém o céu.
Não dói muito a ausência de relva ou carumaquando a urbe inteira se estende assim em alvo.
José Luiz Tavares,
“Lisbon Blues”, in Relâmpago, n.º 20,
2007
*... errou; é o de Santa Justa; quer na edição brasileira [...]. quer finalmente na portuguesa, da Abysmo (com ilustrações de Pierre Pratt) vem identificado...(p. 99, 11.º na secção «Último Cabo»
terça-feira, 8 de maio de 2012
Largo do Carmo
(contém o recorte lido no vídeo)
[...]É possível definir Lisboa como um símbolo. Como a Praga de Kafka, como a Dublin de Joyce ou a Buenas Aires de Borges. Sim, é possível. Mas, mais do que as cidades, é sempre um bairro ou um lugar que caracterizam essa definição e a fidelidade tantas vezes inconsciente que lhes dedicamos. O Chiado, neste caso. A sua geografia cultural, o seu resplendor diurno, a paz provinciana das suas ruas à noite, tanta coisa, tanta coisa.
[...]É possível definir Lisboa como um símbolo. Como a Praga de Kafka, como a Dublin de Joyce ou a Buenas Aires de Borges. Sim, é possível. Mas, mais do que as cidades, é sempre um bairro ou um lugar que caracterizam essa definição e a fidelidade tantas vezes inconsciente que lhes dedicamos. O Chiado, neste caso. A sua geografia cultural, o seu resplendor diurno, a paz provinciana das suas ruas à noite, tanta coisa, tanta coisa.
[...]
E se desço alguns metros e me vejo no Largo do Carmo, com o chafariz ao centro salpicado de passarinhos, então alguma coisa muito vertical me suspende por inteiro porque foi nesse lugar que vivi o momento mais comovedor da minha vida de cidadão. Largo do Carmo do ano de 74, quem o pode esquecer? Era primavera e a capital proclamava a Revolução dos Cravos diante dos donos da Ditadura encurralados num quartel.
Volto lá vezes e vezes depois do incêndio. As chamas não chegaram até ali, pombas minuciosas cobrem o largo e ouve-se água a correr. Chiado, a paz depois do tumulto. Que feliz um lugar como este que, apesar de sismos e de chamas, teve a fortuna de ser o palco da hora que libertou o país.
Olho e recordo, mas há uma parte dele que está desfigurado para sempre. E isso dói, não esquece. Quando aquelas cicatrizes se tiverem fechado como será este rosto de mim mesmo?
José Cardoso Pires. Lisboa Livro de Bordo - vozes, olhares, memorações. 4.ª ed., Lisboa, D. Quixote, 1998, (1.ª: 1997), pp. 74-75
Largo de Camões - Manuel Alegre
do novo livro de Manuel Alegre: - Nada está escrito
LARGO DE CAMÕES
E sempre que alguém volta és tu ainda
[múltiplos Ecos: do próprio L. de C., de Sophia, de Sena...]
LARGO DE CAMÕES
E sempre que alguém volta és tu ainda
vens de Ceuta e da seta e da Índia e Macau
de lira enrouquecida e pala preta
és tu ainda e o nosso nome é Jau
corta-te o Paço a tença e o frade o verso
a pátria agradecida te deserda
és tu ainda e o nosso nome é Jau
corta-te o Paço a tença e o frade o verso
a pátria agradecida te deserda
vais pelas ruas de Lisboa de muletas
e os pombos enchem-te de merda
no Largo do teu nome no país dos poetas.
Manuel Alegre, Nada está escrito. Lisboa, D. Quixote, 2012 (Abril), p, 76
[múltiplos Ecos: do próprio L. de C., de Sophia, de Sena...]
Rua de São Paulo - Manuel Alegre
- entre os 9 - 10 e os 23 - 24, aí viveu G., no 3.º andar
( - de 4 + «Águas - Furtadas» - ) do Prédio Pombalino «colado» ao Ascensor da Bica (outras histórias)
do novo livro de Manuel Alegre: - Nada está escrito
RUA DE SÃO PAULO
Em certas ruas de Lisboa cheira a Índia.
Na Rua de São Paulo por exemplo
a certas horas pode navegar-se
pela rua como em nenhum mar. Então
cheira a pimenta e a canela. E ao cheiro dela
Lisboa ainda se despovoa mesmo que
dela apenas se parta não partindo
ou caminhando pela Rua de São Paulo
até chegar àquela estrofe onde se avista
a Índia que só há dentro de nós.
Manuel Alegre, Nada está escrito. Lisboa, D. Quixote, 2012 (Abril), p, 70
Lisboemas, porque...
G. só esteve «exilado uma vez», na margem Sul - no Lisnavetão - mas foi uma (das) Vidas - durante cerca de 18 anos - de Junho de 79 a Agosto de 96
Quando, em setembro de 96, veio para a Penha, repetia a General Z, provocando-a, que
«regressava a Casa, finalmente, nada mais era preciso para ser [...]»
Confirmou-se. Assim tem sido.
(mais uma divisão na Casa - esta «anti-apaga-apaga» - dedicada à Princesa Lisboa)
Aleluia
Quando, em setembro de 96, veio para a Penha, repetia a General Z, provocando-a, que
«regressava a Casa, finalmente, nada mais era preciso para ser [...]»
Confirmou-se. Assim tem sido.
(mais uma divisão na Casa - esta «anti-apaga-apaga» - dedicada à Princesa Lisboa)
Aleluia
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