domingo, 10 de janeiro de 2021

Largo de Camões, Tiago Salazar

Escrita Deambulatória Rápida, a de Tiago Salazar, «timoneiro» de "tuk tuk" [...] - na esteira de Ricardo Reis, Bernardo Soares, Cardoso Pires, Cesário e tantos «outros», naturalmente; 
- «Geografias» de Lisboa, incluindo as de Infância, no  «Roteiro Literário» do Boletim de Janeiro da «Agenda Cultural», pp. 74 - 82 [lido à General, junto à porta de Vidro Fosco]...[...]
Recorte [truncado, sublinhados acrescentados]

 [...] Quando a Praça de Camões se desvenda ao subirmos a Rua do Alecrim, e se dá de caras com a estátua do poeta, o mais certo é o embarcadiço do tuk tuk questionar quem é o fulano da pala. Conta-se então, conforme a inspiração do dia, estarmos diante do mais alto vate da nação. Se for cliente italiano, diremos estarem Os Lusíadas para A Divina Comédia, e Luís Vaz no degrau de Petrarca e Alighieri. [...] Perro no italiano, desabrido no inglês e pomposo no francês, quando me chega a hora de impressionar a freguesia nada mais adequado do que pegar num velho exemplar camoniano da biblioteca do meu avô Garcia, empoleirado no banco do meu tuk tuk e de mão direita a desenhar voos picados por cada soneto lido. Aos franceses, comparo-o a Baudelaire como podia trazer à liça Verlaine ou Rimbaud, [...]  Aos brasileiros, nada mais os impressiona do que acordar o poeta Pessoa, e aí há que descer à Rua Garrett, ao Largo do S. Carlos e às artérias da Baixa, se queremos esbarrar com a alma do poeta total. Camões, Bocage, Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Cesário Verde, o poeta Chiado, navegam a bordo do meu tuk tuk, [...]

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

o Hino da Cidade

Foto de Rita Carmo («em Alfama, em 2019»)
reprod.a do «BLITZ»

- Recorte de artigo do «Blitz»:

[...] 'Lisboa Menina e Moça' remete para uma Lisboa atual; continuará a ser, porventura daqui a 100 anos, o hino da cidade – porque não é datada, porque a Graça, o Bairro Alto, Alfama, as colinas e o Tejo hão-de estar sempre lá. E o fado há-de existir sempre, ainda que este seja um fado-quase-canção. Podem, daqui a 100 anos, não vão lá estar as varinas, os marinheiros, a tragédia, a melancolia do fado – mas isso só faz de Lisboa, menina e moça mais intemporal, que o fado atual já não se constrói de clichés. [...]


Lisboa Menina e Moça", na avenida Rio de Janeiro. Uma homenagem ao fadista Carlos do Carmo da autoria de Mário Belém

Foto Leonardo Negrão / Global Imagens