quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Rua de S. Paulo

O poema de Alegre, já nesta Casa Colocado, regressa, hoje, agora em mais um vídeo da série «Lugares Bem Lidos» - «Os cheiros e os sons do Oriente em Lisboa», no endereço eletrónico do Diário de Notícias: AQUI
 
 

sábado, 6 de outubro de 2012

Lisboa, de Campos, por Júdice


Lisboa com suas casas de várias cores,
Lisboa com suas cores de várias casas,
Lisboa de tantas cores, Lisboa de tantas casas.

Lisboa que acorda do Rocio ao castelo,
Mais tarde ou mais cedo, ao acordar dos cafés,
Mais cedo ou mais tarde, ao acordar nos bares,

Lisboa de tabernas que já fecharam,
Lisboa bêbeda em alfamas de outrora,
Lisboa de carne e de pedra.

Nuno Júdice
AA.VV., Histórias do Castelo, Edição EGEAC-Castelo de S. Jorge, 2010

Lisboa com suas casas / De várias cores - Campos

Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores ...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.


Se, de noite, deitado mas desperto
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,

Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.


Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.
A força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.


11-05-1934

Álvaro de Campos

Acordar, Lisboa - Campos

[alguns destes versos citados, desta vez, em mais um  álbum de Eduardo Gajeiro, sobre Lisboa, recentemente editado e que T. folheou ontem, na FNC - «não há verba, não há»]
 
[com cortes; ver, «quase completo», por exemplo, no «MULTIPESSOA»
 
Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,
Acordar da rua do Ouro
Acordar do Rossio, às portas dos cafés,
Acordar
E no meio de tudo a gare, a gare que nunca dorme,
Como um coração que tem que pulsar através da vigília e do sono.
 
Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo
[...]          (...)
 Uma espiritualidade feita com a nossa própria carne.
Um alívio de viver de que o nosso corpo partilha,
Um entusiasmo por o dia que vai vir, uma alegria por o que pode
acontecer de bom,
São os sentimentos que nascem de estar olhando para a madrugada,
[...]          (...)
 
A mulher que chora baixinho
Entre o ruído da multidão em vivas...
O vendedor de ruas, que tem um pregão esquisito,
Cheio de individualidade para quem repara...
O arcanjo isolado, escultura numa catedral,
Siringe fugindo aos braços estendidos de Pã,
Tudo isto tende para o mesmo centro,
Busca encontrar-se e fundir-se
Na minha alma.
 
Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
[...]

[não datado]
 
Transcrito das páginas 97 e 98 da edição da poesia de Campos organizada por Teresa Rita Lopes para a Assírio & Alvim, 2002
 
 
 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Lisboa - «City Box»


T. subscreve tal mapa - Santa Catarina (até aos 17, 18); Santa Justa (entre os 20 e os 25, 26); Senhora do Monte (dos 41 «para cá...»)  - well
- de Catarina Sobral, Ilustradora, «O mundo das texturas literárias», de C. S. - «captado» no P3 - AQUI