quinta-feira, 18 de abril de 2024

Suissa, Chiado, Lisboa; Portugal, em 54-55

 - artigo sobre artigo de 1955, de escritora americana que viajou por Portugal entre Jan. e Abril de 1954,  claro que interessa a D., nascido nesse ano (de 55); no «Público», Secção «Estado Novo»

As desigualdades na década de 1950 chamaram a atenção da escritora norte-americana Mary McCarthy BERT HARDY/PICTURE POST/GETTY IMAGES

RECORTE:
[...]
"Portugal tem uma enganadora reputação de ser um país onde a vida é barata", lê-se no artigo. "Do nosso ponto de vista", a comida, as roupas, os transportes "são baratos, mas se se quiser comprar alguma coisa importada (uma panela de pressão, um fogão eléctrico, um rádio), ou algo feito numa fábrica moderna, é muito caro, em comparação com os preços em qualquer outro país."
"Quem compra as coisas das lojas do Chiado?", perguntava Mary McCarthy, sem encontrar resposta. "Os estrangeiros", diziam os portugueses; "os novos-ricos", respondiam quase todos. A escritora encontrou, por fim, um alto funcionário que oferecera uma panela de pressão à mulher, para a criada usar e "ver como funcionava". [...]


domingo, 7 de abril de 2024

«Os turistas estão na rua», Filipa Leal

 Estrofe do poema de ontem, de Filipa Leal, da Secção «Revolução já! Poesia Pública», do «Público»

Revolução, já?

[...]
Os turistas estão na rua.
Milhões de turistas estão na rua.
Vão parando para tomar café nas agências
imobiliárias, e vão comprando palácios, aqui e ali,
entre um pastel de Belém e uma imperial.
Alguns compram casas com gente lá dentro, e despejam
o lixo e a gente das casas que ficam vazias lá dentro,
mas eles voltam mais cheios lá para fora.
Sentem-se mais vistos.
[...]

domingo, 31 de março de 2024

segunda-feira, 25 de março de 2024

«Vocês pagam», "Levantamento da cidade de Lisboa"; Cravo, M. Velho da Costa

  - Representações, sobretudo, do «Portugal de 74-75», em «IntensaJusta-Posição Estilística»; obra de 76, reimpressa em 94, e agora em 2024, quase 50 anos depois...; 
- Excerto(s) do Bloco «Levantamento da cidade de Lisboa» (pp.129-135)  [sublinhados acrescentados], com «ecos de Fernão Lopes»:

    Vocês pagam. Os meus melhores filhos novos foram levados a sujar-se sem honra, ao engano. As minhas ruas foram silenciadas, os meus emissores de som e de imagem, boca e olhos de ouvir-me, trocados pelos vossos. Abrigo há gerações o que vocês não podem nem querem - faquistas e ciganos e prostitutas velhas, marítimos e crioulos fugidos à fome. Tudo acoitei na minha barriga de ruas salitrosas, calçadas pretas. [...]

Vocês pagam. Tremeram de me ver nua finalmente, coberta de panos vermelhos, a minha gente desfilando com as cabeças, martelos de aço coloridos, o punho no ar, o meu braço faquista finalmente ao léu. Vocês tremeram, daqui ao Oriente que a minha virtude de arejar vos abriu. Vocês tremeram quando os meus filhos de salários de fome e os meus mulatos vos mijaram em foice os palácios que vocês mandaram construir para aa vossas visitas de provincianos ricos. [...]

Todos, todos se calaram perante a minha miséria miúda, a minha crença mentida, os meus flancos de rio industriosos estancados, o tolhimento dos meus bairros de lata, as minhas veias cortadas a doer-se para o Sul, traídas, traídos, porque eu, posta como estava na minha festa tonta, nas minhas renovadas alegres forças, deixei que vocês viessem pela calada esquartejar uma por uma as minhas cabeças de prata, os meus melhores filhos tresloucados de uma outra razão e audazes. Vocês pagam. [...]

Maria Velho da Costa, Cravo (1976), 2024, pp. 131-133

- «Revolução e Mulheres», DEZ, 75, entre as pp. 129-135; dito por Sara Barros Leitão, em «O teatro também se lê»

domingo, 10 de março de 2024

Loreto (Rua do) + «Nativos. precisa-se» (MEC)

 - para D., «nativo» de dali perto, foi sempre uma Rua de «passagem» entre Chiado-Camões-Chagas-Bica e também a do «cinema Ideal» (15-17); 

- Entrevista-Reportagem sobre os despejos versus «turistificação», a propósito do «regresso» de Exposição da Fotógrafa Luísa Ferreira

RECORTE(s):

Luísa Ferreira: “Foi como se tivesse ido levar os meus pais ao monte”
[...]  Imagino que tenha sido um período muito difícil...
Curiosamente, os meus pais não se exprimiam muito. As outras pessoas do prédio andavam muito nervosas. Os meus pais também andariam nervosos e tristes, mas não expressavam muito isso. Fotografei o meu pai da última vez que foi ao cabeleireiro, à Barbearia Campos [entretanto, encerrada], ali ao lado da Benetton [no Chiado]. Fotografei a última vez que estiveram os dois sentados no [Largo de] Camões. Algumas coisas assim. Era o tipo de imagens que fazia sem a intenção de mostrar.
[...]
No texto da exposição, fala de uma cidade sem rosto. Consegue identificar o que é que está a acabar e o que é que está a começar na cidade?A maior parte do que está a começar são coisas que nem me apetece entrar lá. Quando falo em cidade sem rosto, quero referir-me a outra coisa: passo pelas pessoas na rua e já não reconheço ninguém. Já quase não há espaços onde se entra e se reconhece alguém. Com os turistas não há relação, estão de passagem. Portanto, não há afectividade, não há memória, não se estabelece uma ligação.Há muitas lojas a abrir e a fechar rapidamente. E na Baixa é só lojas de pastéis de nata, uma invasão do pastel de nata, abrem uns em cima dos outros.. [...]

- Crónica de M. E. C., de 24 -03: «Nativos, precisa-se» [...]

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Lisboa Frágil - Luís Pavão

 - de muitos «Estabelecimentos» como o da Foto de Luís Pavão se lembra D., da ribeirinha zona por onde cresceu...; captada da «Agenda Cultural de Lisboa», de Fevereiro ; FotoGaleria no »Público», «´»Ipsiçon», de 14 - 02;

Taberna na Rua de S. Mamede, 1981:[...]Luís Pavão construiu um arquivo de forma metódica, e que agora serve de ponto de partida para Lisboa Frágil, uma exposição que celebra o seu abundante corpo de trabalho desenvolvido entre os finais dos anos 1970 e os anos 1990 e 2000.

- a 29 de Março, Reportagem, na «Local do «Público» = «Peregrinar», com o Fotógrafo, em busca dos (Vestígios dos) «Tascos» fotografados; «Casa Resina»:



terça-feira, 16 de janeiro de 2024

O Reino da Bebedolice Internacional OU «Low Cost» + «dormir de Dia»

 - Nativo da Zona referenciada no artigo do «Público» (Bica, Cais do Sodré, Chiado, Santa Catarina, Combro e... adjacentes), R. há muito que só por lá passa, de manhã, bem cedo... (e, às vezes, os cheiros....); [à distância, na MAD.a, nos idos de 80, assistiu ao «início» disto...?]

RECORTE(s):

[...] Paulo Cassiano [«Bota Alta»] viu-se mesmo forçado a fechar portas a 28 de Novembro e, um mês depois, o senhorio já não o deixou entrar no espaço de há tantos anos. Agora, ao saber que a casa será convertida na extensão de um popular bar de bebidas comercializadas a baixo preço e consumidas na via pública, situado a pouco metros, na Rua da Atalaia, não esconde a frustração. Não apenas pelo que lhe sucedeu, mas também por aquilo em que aquela zona da cidade se tem vindo a transformar. [...]

- da «RTP-Antena 1», em 15-02: B. A. sem «dinâmica diurna» OU «como acordar o B. A. durante o Dia?»

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Chiado, «A Brasileira»

 - ficção de 2006, há muito que aguardava...; desta vez, «Vai»... - em «velocidade de cruzeiro» («de Leitura») - ; destino (provável): «Mesa das Trocas» do Palácio 2324;
- pois é
RECORTE:
    O Teles, na verdade, não achava bem os retratos: quem eram aquelas duas fúfias? E o José irritava-o, assim sempre de perfil! Tinham-lhe falado do Orpheu mas nunca tinha visto; chegara, antes, do Brasil e arranjara aquele espaço de uma camisaria no Chiado, para vender  seu café, e ganhara a partida. O sítio tinha fama antiga e convinha-lhe a frequência dos intelectuais, ao lado dos políticos da Havaneza e das damas que vinham à Bénard. Por isso fizera obras e contratara o melhor arquitecto que havia em Lisboa. Os quadros, pois, deixara-se levar na cantiga do Pacheco... Já tivera um conflito com aquele que se matara em Paris. [...]

José-Augusto França, José e os outros - romance dos anos 20, 2006, p. 18