domingo, 24 de dezembro de 2023

Rua Anchieta e a «mão portuguesa»

 - longa Entrevista de C. Portas - a sair da Rua Anchieta, espera-se que para outro ponto do Chiado - ao «P2»; Recortes:

[...] Dantes, era uma coisa que escondíamos, que era uma vergonha ser feito em Portugal. E hoje fala-se muito, em termos económicos, que os “unicórnios” é que interessam e isto e aquilo. E pelo futuro da nossa economia temos que estar todos virados para o digital... [...] Há muito esta coisa de estarmos deslumbrados com o digital. O digital é importantíssimo. Mas, atenção, a nossa economia não está baseada no digital, mas sim na manufactura. E nós temos um problema: não há mão-de-obra. Acho que o Governo, que tem a boca cheia de “unicórnios”, também deveria ter o orgulho de valorizar a mão portuguesa. Ela é poderosa, quer a fabricar, quer em termos de slogan de venda no estrangeiro. Todas as fábricas com quem trabalho se queixam de não terem mão-de-obra. Precisamos de aliciar pessoas para a manufactura, dizer que não é uma vergonha. Pelo contrário, é uma especialização.

- idem,  «a morte do Comércio que diferencia uma Cidade», a um canal televisivo, a 3 de Jan de 2024;

- a 19 de Março, notícia de que vai ocupar o espaço da «Ferin»;

sábado, 9 de dezembro de 2023

Rua da Prata ou «pessimismo de Velha do Restelo»?

- num destes dias, R. «repetirá» a Deambulação, rigorosa ou «inventarial», hoje descrita na Crónica de Bárbara Reis («Ainda vamos ter saudades...»; depois, anotará no Calendário as datas futuras nela inscritas, nas quais, de 4 em 4 meses, a Cronista confirmará (ou não) o que nesta são «previsões»...;

RECORTE(S):

[...]  Faço aqui uma aposta: vamos ter saudades dos carros da Rua da Prata. Há uns dias, a Câmara de Lisboa anunciou o fim dos trabalhos de reabilitação do colector da Rua da Prata e, com isso, uma notícia que, em teoria, seria uma festa para os dez mil moradores (...): a rua ia ser reaberta mas só para os eléctricos. Aleluia! Menos carros na Baixa, menos dióxido de carbono, menos caos, menos ruído. Talvez sim. Talvez não. Se a Rua da Prata for transformada numa nova Rua Augusta, muito obrigada, mas não. [...] “Diversidade funcional” é um bairro ter lojas diferentes, como farmácias e sapateiros, papelarias e padarias, lavandarias e casas de ferragens, e todos os serviços de que as pessoas que moram num lugar precisam. 
     No dia em que a Baixa de Lisboa [...] só tiver cafés com esplanadas para turistas e lojas de bugigangas para turistas, deixa de ser um bairro e passa a ser um cenário. Para turistas. É bem possível que a Rua da Prata seja a próxima rua a morrer como rua e a tornar-se cenário para selfies de gente que está de passagem. Nada contra o turismo. Quem não gosta de ser turista? Mas tudo contra a descaracterização do centro histórico. Isto não é pessimismo de velha do Restelo. [...]

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

De S. Paulo à Penha OU reencontrar Lisboa(s)

 - a Geografia Lisboeta de R. apresenta 2 Ciclos, com um Exílio a separá-los, ou seja:
- S. Paulo, e «adjacências» até aos 23, 24;
- Exílio a Sul até aos 41, 42 (18 );
- Penha, a partir de então (26);
- mas só recentemente começou a ser Nativo desta última, com o Regresso aos TRANSP. P.os e os Matinais périplos pedestres; utiliza muito o «30» - carreira que liga dois «Extremos» (Picoas e Picheira, com a «AA» junto a Paragem) - , num percurso TRANVERSAL, que permite descidas em vários pontos, para rápidas ligações pedestres; muda a Hora da Manhâ, muda a «FRequência»; vence ruas estreitas num MiniAUT; à saída, hoje, disse para a Condutora (habitual, hoje com garrido Lenço da Companhia...]: «isto é mais um Balancé» em Piso Duro, se uma pessoa não se agarrar bem...»; «pois é, quanto mais pequeno, mais abana» [...]

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Praça Paiva Couceiro + «Carnage»

 - fechada a ESP-C.º SOC. dos Manos D. + A., resta a do Jardim da P. P. Couceiro, e só de manhã, nestes dias de Brasa;


- de dimensão razoável, [o jardim da] a P. P. C., a 5 minutos do GALH.,  tem seis Entradas, de 5 ruas ou arruamentos; a maioria dos que a cruzam, de manhã, vem da M. de Albuq.; hoje ainda passam, ao largo, grupos de pedestres da JMJ; 
- ali, até cerca das 10, prosseguem as leituras de R.; - retomar (retornar a) Lx., só quando a Brasa baixar...

- de resto, no resto do dia, regresso a «Carnage» [...]

terça-feira, 18 de julho de 2023

A Lisboa «fácil de abarcar», da Menina de Parma

8 / Lisboa é fácil de abarcar. Já vivo nela há muitos anos. Cheguei para estudar, e depois para lá viver. Vejo-a do alto de cada vez que a sobrevoo de avião. Deslaça-se e contorce-se sobre edifícios grandes e periclitantes, abre-se em pequenas rotundas, hospitais e bibliotecas que são como blocos de cimento no meio do trânsito. Às vezes chegamos a voar do Sul e assaltamos a cidade pelo lado do rio, pela ponte vermelha, pela margem fervilhante de gente. Às vezes chegamos do Norte ou do Nordeste e atravessamos o ar das periferias desfiadas, voamos tão baixo que podemos ver as pessoas às janelas, os pátios com as cadeiras cá fora, os terraços com a roupa a secar. Ao longe, a ponte Vasco da Gama parece um fio fino de pastilha elástica que se alonga de uma margem à outra, de um lábio ao outro. Lisboa cabe toda ali, apertada entre a periferia e o rio. E cresce em altura, sobre as colinas. Mesmo quando se apanha o cacilheiro, até à margem sul, ela cabe num olhar, de uma só vez com a sua fachada cimeira, aquela mais exposta, a mais pomposa e superficial. Podemos abraçá-la inteira num olhar breve, de Santos ao Panteão, e mais além.. Os seus primeiros e segundos planos, as ruazinhas verticais, as esquinas aguçadas. Parma, por sua vez, é inabarcável. [...]

                         Serena CacchioliDemasiado estreita, esta morte, 2023, p.19

Outros Recortes:   AQUI;  

domingo, 25 de junho de 2023

«Lisboa, velha carcaça» + «o que é demais é moléstia»

 - D., que, sempre bem cedo, deambula por esta Lisboa [- onde cheira a chch e a sujidade contrasta com as coloridas Hordas...] - , continuando a visualizar a outra**, teria que destacar esta Crónica de M. E. C. 

RECORTES:

Fiquei deprimido depois de conversar com dois turistas ingleses. Disseram-me que Lisboa tinha correspondido inteiramente às expectativas deles. [...]
"Não houve nada que vos surpreendeu?" Nada, responderam, pensando que esta era a resposta que eu procurava. Instigados a tornar mais verosímil esta afirmação, lá arranjaram uma surpresa: a sujidade. [...]
[...]
O pior é que os países estrangeiros são cada vez menos diferentes do nosso e, por conseguinte, cada vez mais diferentes do passado. O passado, por conseguinte, adquire cada vez mais força como repositório do que é estranho, e excitante, e proibido, e inesquecível**.
Lisboa tornou-se o postal do postal que se fez de uma cidade que já não existe.  [...]

- de Artigo «complementar», também do «Público, Local» - Nick, o norte-americano que mostra como Lisboa mudou em 12 anos -
[...] Duarte é conhecido pelo “Sardinha”, nome que deu à tasca de comes e bebes que em 1981 abriu em Alfama. Segundo Nick Mrozowski, gere um estabelecimento que tem “um bitoque delicioso”. Mas o consumo gastronómico, diz o comerciante, mudou muito nos últimos anos. “Quando abri [a tasca], servia jardineira, mão de vitela com grão e dobrada. Hoje já ninguém quer essas coisas”, lê-se no Mais 12, no depoimento do comerciante de 68 anos. Hoje, refere, “os turistas apenas querem comer sardinhas, bacalhau e peixe grelhado”. [...]



quarta-feira, 14 de junho de 2023

Lisboa, de J. B. + A. J. G.

 

De «Welcome to Paradise», de A. Jorge Gonçalves;
da Casa da Editora, «Orfeu Negro»

- no «FB»,  J. B. remete para esta sua conversa com A. J. Gonçalves, e para os seus (respectivos) livros - textos - desenhos sobre Lisboa; no «Purgatório» de «Nada será como dante», de 13 de Junho, entre os minutos 8 e 48 e 15 e 52 

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Portas de S. Antão (rua das)

 - um específico «imbróglio» («ainda» só com uma década...?), numa das mais «características» ruas da Baixa: o caso do Ateneu Comercial (1880 - 2012) - artigo-reportagem na «Mensagem», jornal de (e para) Lisboa;

Reproduzida da «Mensagem»

RECORTE: [...] Mas aquilo que hoje resta do Ateneu, no Palácio Povolide, no n.º 110 da rua das Portas de Santo Antão, é uma memória. Não está em ruínas, mas está praticamente fechado. Há anos que a história se conta assim num dos locais mais nobres da cidade.[...] 

Os planos para o edifício mudaram de mãos ao longo dos anos, prometendo novos usos. E agora, um novo plano está em análise na Câmara Municipal de Lisboa: com a especulação imobiliária ao rubro, o que estes planos dizem é que aqui poderá vir a nascer uma residência sénior, aparentemente de luxo. [...]

sexta-feira, 24 de março de 2023

Chiado («nata district»? OU «posso orar para si?» + dez lojas de Natas por rua...

Chuviscoso Chiado 
- [antes, no CORR. FNC, alcançada a p. 112 da BIOG. de Natália (de F. M.); num dos cantos, sempre com o livro de harrry ao lado, «empestando» o ambiente, ressonava o «leitor» do costume...]
- surgem «aos pares», tendo como Testemunha a Estátua Pessoana, tentando «evangelizar» algum Tuga, por entre as «chusmas turísticas» e as «chusmas escolares» em V.as de Estudo...; morenos, jovens, «missionários» à Civil, com Opúsculos na Mão...:
- Posso orar para (por) si (Ocê)?»
- [de esguelha, fintando o «frente a frente»]: «Não, já estou condenado desde que nasci; não tenho  Salvação...
- Tudo bem, respeitamos na mesma...


A empresária soube há meses que o contrato da loja na Rua Anchieta não ia ser renovado — já está à procura de outro espaço na zona do Chiado

- a 24-12-2023, C. Portas, por «fecho antecipado», no «P2»: «Precisamos mesmo de dez lojas de pastéis de nata na mesma rua?»

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Lisboa de 86 [...]

 - evocações «coloquiais» de uma professora e tradutora finlandesa, de 56 anos, então jovem estudante, na Lisboa (mas não só...) de 1986; no suplemento «Artéria» (do «Público»), com fotografias da própria

Recorte:

[...] Era demasiado tímida para me dirigir aos escritores que lia e admirava. Alguns só vi de relance; a figura esquiva de Maria Judite de Carvalho no longo corredor da sua casa, uma vez que Urbano Tavares Rodrigues me convidou aí, para me apresentar a João de Melo, cujo romance estudava. Com outros cheguei a colaborar; Wanda Ramos, que estava doente na altura e acabou por morrer, sem eu saber da gravidade da situação. Alguns eram professores meus; David Mourão-Ferreira ou Joaquim Manuel Magalhães. Com Saramago, coincidi em várias ocasiões, em Madrid, em Helsínquia, em Lisboa, uma vez inclusivamente sob a velha figueira do Jardim da Estrela, mas nunca ousei iniciar um diálogo. [...]

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

«Terra vertical», Ana Marques Gastão

( a leitura de «Oníricas», 2023, reconduziu D. à secção da Estante da Sala onde estão os títulos de  Ana Marques Gastão, e a «L de Lisboa», de 2015...)

TERRA VERTICAL

Veio de continentes antigos a terra exígua
em pé enxuto, da ventania sobrou o grão
de farinha e as entranhas saíram de ondas
comerciantes. Além da cobiça, do dinheiro,
Portugal quer ser livro, inundação, efusão
de um impossível bem; seu maior tributo
jaz sob o fogo, a prática é fútil, mas em dias
de desejo cabe-lhe a voz, o orvalho e o mel
que vêm de alto para baixo a reconstruir o
sonho de uma cidade talvez um dia vertical.

Ana Marques Gastão, Assírio  & Alvim,  2015, L de Lisboa,, p. 18

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

«Lisboa», de Amalia Bautista

[ o quinto dos cinco poemas traduzidos por L. F. P. P. e ontem colocados na sua Casa - Do Trapézio sem Rede»)

 Lisboa

Sardinhas e azulejos,
eléctricos amarelos, calçadas onduladas
com paralelepípedos escorregadios
e o teu olhar.
Livrarias e fados
e castanhas assadas.
Uma língua mais doce e mais profunda,
e também mais triste,
e a tua língua.
O Tejo, que já é mar
e ferida e janela.
A nossa idade que avança
e a espantosa e estranha juventude
que tornamos presente ao fecharmos a porta.
O nosso amor renovado
e pastéis de nata.

(Versões minhas [Luís Filipe Parrado]; fonte: Azul el agua; La Bella Varsovia, 2ª edição, Barcelona, 2022).