segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

«Lisboa», de Amalia Bautista

[ o quinto dos cinco poemas traduzidos por L. F. P. P. e ontem colocados na sua Casa - Do Trapézio sem Rede»)

 Lisboa

Sardinhas e azulejos,
eléctricos amarelos, calçadas onduladas
com paralelepípedos escorregadios
e o teu olhar.
Livrarias e fados
e castanhas assadas.
Uma língua mais doce e mais profunda,
e também mais triste,
e a tua língua.
O Tejo, que já é mar
e ferida e janela.
A nossa idade que avança
e a espantosa e estranha juventude
que tornamos presente ao fecharmos a porta.
O nosso amor renovado
e pastéis de nata.

(Versões minhas [Luís Filipe Parrado]; fonte: Azul el agua; La Bella Varsovia, 2ª edição, Barcelona, 2022).