domingo, 26 de dezembro de 2021

Cais das Colunas, com Tollan

-  D., já no Fj., com a General, lembra-se que, na Carga, havia Contentores de «frango congelado», e outros de «sprays insecticidas»- tudo foi parar ao Tejo...; 

- por mais de 3 anos, foi objecto da «chacota» de Ref. de «língua afiada» e de [...] aumentando o «gáudio», nas tentativas, falhadas, de o «revirar», «deslodar»...


- a foto, de José Vieira Mendes,  de há 38 anos, pertence a  uma EXPO que originou a história de Vida(s) que o «Público»  reconta [...]


- Crónica de João Pedro Pincha - «O que uma foto faz», a 11-01 [...]

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

lisboa (I) - «Horto de Incêndio»

                                              lisboa (I)

por trás dos muros da cidade
no seu coração profundo de alicerces
de argilas e de sísmicos arroios - cresce uma voz
que sobe e fende a brandura das casas

da escrita dos inumeráveis povos quase
nada resta - deitas-te exausto na lâmina da lua
sem saberes que o tejo te corrói e te suprime
de todas as idades da europa

mais além - para os lados do corpo - permanece
a tosse dos cacilheiros os olhos revirados
dos mendigos - o tecto onde um navio
nos separa de um vácuo alimentado a soro

plátanos brancos recortam-se luminescentes no olhar
de quem nos olha contra um céu desesperado - jardim
de íris açucenas palmeiras cobertas de rocio e
e a ponte que nos leva aos campos do sul - lisboa

lugar derradeiro do riso
que já não te pode salvar do cemitério dos prazeres

e morres
carregado de tristezas e de mistérios - morres
algures
sentado numa praceta de bairro - o olhar fixo
no inferno marítimo das aves

Al Berto, Horto de incêndio, 1997, pp. 41-42