quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Alfama

«LISBOA

No bairro de Alfama os carros elétricos amarelos chiavam nas subidas.
Ali havia duas prisões. Uma era para ladrões
que acenavam através das grades.
Gritavam, queriam ser fotografados.

"Mas aqui, disse o guarda-freio com um risinho de hesitação,
"aqui estão os políticos." Olhei para a fachada, a fachada,
e no último andar, a uma janela, vi um homem
com um binóculo a olhar para o mar.

Roupa que fora lavada secava pendurada ao sol. As pedras dos muros estavam quentes
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma senhora de Lisboa:
"Aquilo era mesmo verdade ou fui eu que sonhei?"»
 
Tomas TRanstromer, 50 poemas (tradução de Alexandre Pastor), Relógio D'Água Editores
 


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